Gerência de produção

LeanSC – Aprimoramento do controle de cadeias de suprimentos através da aplicação de práticas enxutas e modelos de simulação

Resumo: Empresas participantes de cadeias de suprimentos precisam gerenciar apropriadamente distúrbios e oscilações de diferentes naturezas e origens, de forma a manter custos e nível de serviço em patamares competitivos ao longo do tempo. Abordagens integrando modelos de simulação constituem importante alternativa para apoio à tomada de decisão considerando comportamentos estocásticos em sistemas complexos. Concomitantemente, a adoção de práticas enxutas em cadeias de suprimentos tem constituído alternativa estratégica para a simplificação e automatização da tomada de decisão, com decorrente aumento da competitividade. De forma a conciliar as características de resiliência a oscilações e a agilidade decorrente da adoção de práticas enxutas, a presente proposta de projeto de pesquisa objetiva desenvolver e aprimorar modelos teóricos e técnicas de automatização da tomada de decisão em cadeias de suprimentos através da utilização de práticas enxutas combinadas com modelos de simulação de eventos discretos.
Palavras-chave: Cadeias de Suprimentos; Planejamento e Controle da Produção; Simulação; Abordagens Enxutas; Lean.

Validação da Metodologia de Avaliação dos Fatores Sócio-culturais em Empresas em Implementação de um Sistemas de Produção Enxuta (SPE)

Resumo: Empresas que desejam competir com sucesso no dinâmico cenário atual devem estar preparadas para mudanças significativas no modo como operam (NOLL, 2000). Um dos principais pontos identificados em mudanças bem sucedidas é a compreensão acerca das diferentes situações que pessoas e organizações vivenciam quando se encontram em um ambiente em transição (MCALLASTER, 2004). Muitas organizações manufatureiras, de serviços e governamentais estão implementando o Sistema de Produção Enxuta (SPE) de modo a atingir a flexibilidade necessária para responder aos novos desafios competitivos (SHETTY et al., 2010). Embora a implementação enxuta por empresas manufatureiras tenha começado no final da década de oitenta, ainda existe muito a se investigar quanto ao sucesso na verdadeira implementação enxuta (ANVARI et al., 2010). De acordo com Biazzo e Panizzolo (2000), uma perspectiva de trabalho apoiada pelos princípios enxutos depende fortemente da flexibilidade e envolvimento das pessoas. Assim, tratar do impacto sobre as pessoas, o efeito da liderança sobre um sistema em mudança e a comunicação como catalisadora são fundamentais em uma abordagem de gestão de mudança em um SPE (BESSANT; FRANCIS, 2005). Baseado nisso, a reorganização do sistema produtivo de acordo com os princípios enxutos pode estimular mudanças técnicas e organizacionais radicais em direção a uma empresa enxuta, com uma nova estrutura, estratégia e cultura (FLOTT, 2002). No entanto, aspectos relacionados ao processo de aprendizado organizacional (AO) não são enfatizados na literatura existente sobre a implementação enxuta (PETTERSEN, 2009). Hua (2007) sugere a separação dos fatores de mudança em dois âmbitos: (i) fatores técnicos e (ii) fatores sócio-culturais. Os fatores técnicos referem-se aos componentes lógicos ou tangíveis que são tidos como críticos para a melhoria do desempenho organizacional. O processo de mudança, desde sua concepção até sua implementação, requer uma série de fatores técnicos de sucesso, os quais podem incluir: estabelecimento de metas, uso da abordagem apropriada e aplicação da tecnologia adequada para atingimento das metas. Já os fatores sócio-culturais estão relacionados aos componentes emocionais ou intangíveis que são geralmente negligenciados, mas citados como críticos para a melhoria da eficiência organizacional. Tais fatores incorporam as questões de AO, as quais contribuem para a construção de um comportamento que apoia e ajuda a sustentar o processo de mudança em longo prazo (BURREN et al, 2011; JIMMIESON et al, 2008). Já que a implementação enxuta não é um evento singular e único, as organizações são vistas em um fluxo constante de mudança, em que nunca encontram o equilíbrio adequado (MAGEE, 2008; KARLSSON; AHLSTROM, 1996). Assim, a evolução do conceito de SPE pode ser ligado ao AO, tanto pelo movimento de implementação de uma forma geral quanto pelo progresso das empresas ao longo do processo de maturação na implementação enxuta (SACKMANN et al., 2009; SILVA, 2008). Aqui, o AO pode ser definido como “o processo de melhoria da ação através de um melhor conhecimento e compreensão”; e está intimamente relacionado com os aspectos culturais e ambientais das organizações (SONG et al., 2009; KONTOGHIORGHES et al., 2005). Assim, o AO pode ajudar os indivíduos a melhorar suas habilidades (LEE et al., 2013) e fornecer oportunidades de encontrar melhores formas de trabalho em equipe (BRITO, 2004), o que é essencial para a sustentabilidade da implementação enxuta (LIKER; MEIER, 2007; WOMACK et al., 1992). Apesar de o SPE não ser uma abordagem nova, poucas organizações conseguiram compreender plenamente a filosofia por detrás das técnicas enxutas já conhecidas (BAKER, 2002). Araújo e Rentes (2005) comentam que, apesar de muitas empresas de diversos setores terem alcançado benefícios significativos com a adoção das técnicas de produção enxuta, muitos gerentes têm feito mal uso ao tentar implementar partes isoladas de um sistema enxuto sem entender o todo (fluxo e impactos sistêmicos na organização). Assim, não só o conhecimento das técnicas, mas a sua implementação são aspectos críticos de um sistema em transição. Além disso, muitas empresas ocidentais tentaram, sem sucesso, importar técnicas de produção japonesas para os seus sistemas de produção. No entanto, os fatores sócio-culturais existentes envolvidos no processo de mudança foram negligenciados, o que levou a benefícios limitados (TAYLOR et al., 2013). A adoção de um SPE requer uma mudança na gestão dos trabalhadores e na concepção do trabalho. Empresas em implementação enxuta necessitam mudar de modelos tradicionais de produção em massa e organização taylorista para novos modelos, ao organizar seus sistemas de trabalho e práticas de gestão de pessoas (LONGONI et al., 2013). Tortorella (2012) apresenta uma metodologia de identificação e avaliação dos fatores sócio-culturais em uma empresa em implementação de um SPE. Esta metodologia, além de parametrizar, quantificar e direcionar melhorias quanto aos fatores sócio-culturais, adapta o método de análise de maturidade na gestão de desenvolvimento de produtos de Cristofari (2008) para o processo de implementação de um SPE. Contudo, a aplicação prática desta metodologia ocorreu em apenas uma empresa do ramo automotivo, o que dificulta sua validação e confirmação de sua extensibilidade a empresas inseridas em diferentes contextos e segmentos. Assim, há a necessidade de se verificar a validade desta metodologia a fim de possibilitar sua aplicação de modo amplo e sistemático como ferramenta de suporte na implementação de um SPE. O objetivo principal desta pesquisa é a validação da metodologia de avaliação dos fatores sócio-culturais em empresas em implementação de um Sistema de Produção Enxuta (SPE), proposta por Tortorella (2012), a fim possibilitar sua aplicação de modo amplo como ferramenta de suporte à implementação enxuta, independentemente do tipo, tamanho ou fase de implementação que a empresa se encontre.
Palavras-chave: Sistema de produção enxuta; Fatores sócio-culturais; Aprendizado Organizacional.

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